domingo, novembro 14, 2004

Esta semana:

Makazumba - Pequenos atos (2004)



O punk é, por excelência, um movimento de protesto, que demonstra inquietações em relação ao mundo prático. E como movimento acaba se utilizando da arte como instrumento de conscientização. Todo tipo de arte é válida para tal fim, entretanto, a música é normalmente a mais escolhida, devido não só a sua maior difusão, mas principalmente a sua aceitação de uma maneira geral. Por isso, é quase impossível separar o punk da música, tamanha foi a apropriação da arte musical pelos punks. É nessa trilha que anda a banda Makazumba.

Apoiados no som que transita por momentos de extremo peso a melodias calmas e trabalhadas conhecido como Emo-core, Guilherme (Vocal - Guitarra), Silvio (Guitarra – Backvocal's), Humberto (Baixo - Backvocal's) e Hit's (Bateria) se utilizam da arte para difundir ideais, e talvez essa seja a principal característica da banda, em detrimento a tantas outras que falam muito, mas não tem nada a dizer.

Vegetarianos confessos, o Makazumba canta também a "revolução pessoal, o repúdio a preconceitos de toda natureza, pacifismo e a não idolatração de símbolos e bandeiras" nesse primeiro CD, lançado em Julho desse ano. "Pequenos atos" foi uma produção caseira, que registrou cinco canções do grupo que, mesmo independente, tem arrastado a seus shows muitas pessoas que não só admiram a banda ou a proposta, mas que também sabem todas as letras de cor. E cá entre nós, isso não é pouca coisa quando falamos de uma banda de punk, independente, com uma demo lançada ainda esse ano.

De certa maneira, as músicas de "Pequenos Atos" mostram exatamente essa tendência Emo-core da banda. Em faixas como "Chamas" e "Inocência" vemos uma banda pesada, que lança mão não só de guitarras distorcidas, mas também de vocais gritados, berros e afins. Seria o "Core" do "Emo-core". Entretanto, em faixas como "Colinas", "Coma" e "Não há mais perdão" os arranjos mais trabalhados, as dobras de vocais e a cadência mais diversificada das músicas denunciam um Makazumba mas "Emo", por assim dizer. É claro, a produção caseira não consegue trazer o peso do som do Makazumba - assim como também não consegue destacar como deveria as partes detalhadas da música -, mas dá uma boa idéia do que é o som da banda.

Nas letras, o Makazumba reafirma o ativismo encontrado no site ou nas entrevistas. "Colinas", por exemplo, propõe um olhar a si mesmo, assim como em "Coma", onde o mote é a revolução pessoal; o vegetarianismo fica claro na faixa "Inocência", onde a variação musical pesado/leve faz o fundo ideal à letra, chamando atenção ao que é cantado; e ainda há espaço para uma canção onde o refrão é "Não há mais perdão/Por que você se foi?".

Segundo consta, o Makazumba pretende dar uma folga nos shows esse fim de ano, a fim de produzir o segundo CD. Mas para quem quiser conhecer melhor a banda, é só clicar aqui. Uma dica: assista ao clipe da música "Inocência" até o fim, e repense seus conceitos, mesmo que não os mude.